[Resenha] Garras e Aço: A Promessa da Lua Vermelha - Luan Gomes

Garras e Aço: A Promessa da Lua Vermelha é uma fantasia ambientada em um cenário gelado e hostil, onde a sobrevivência depende de alianças frágeis, lideranças fortes e escolhas extremas. A história se passa em Kriv, uma pequena vila localizada nas montanhas congeladas de Krondar, onde humanos convivem com a presença constante dos licans, os lobisomens. Essa convivência não é isenta de tensões, mas é sustentada por tradição, respeito e pela consciência de que os licans ocupam posições de poder e liderança naquele território.

Os moradores de Kriv conhecem as lendas, sabem quem são os lobisomens e entendem os limites dessa relação. Há conflitos pontuais, discussões e atritos (muitas vezes mais intensos entre os próprios humanos), mas existe um equilíbrio estabelecido. Essa normalidade é rompida quando vampiros passam a invadir a região, atacando a vila e assassinando seus habitantes, transformando o medo em urgência e a sobrevivência em prioridade absoluta.

Diante da ameaça, Kai, um jovem guerreiro humano, decide procurar Farkas, o líder da alcateia dos licans. Farkas é um personagem dominante, prepotente e claramente consciente do próprio poder, características que marcam sua postura ao longo da narrativa. Sua ajuda não vem de forma imediata nem gentil, e a partir desse encontro a história se desenrola em uma sequência de capítulos fortemente centrados em discussões, planejamentos estratégicos, confrontos internos e batalhas constantes.

Uma das decisões centrais da trama surge quando Farkas propõe a criação de uma nova alcateia, sugerindo a transformação de humanos em lobisomens para formar um exército capaz de enfrentar os vampiros. A ideia provoca resistência, medo e desconforto, mas acaba sendo aceita como a alternativa mais viável para salvar a vila. As transformações, no entanto, intensificam os conflitos entre os personagens, alimentam disputas de poder e aprofundam a instabilidade do grupo.

Quando o ataque dos vampiros finalmente acontece, a narrativa mergulha de vez na ação. O livro dedica muitas páginas a confrontos violentos, mortes, embates físicos e descrições minuciosas de batalha. A ameaça externa se mostra organizada e preparada, e, ao mesmo tempo, os conflitos internos continuam a crescer, mostrando que a luta não se limita apenas ao inimigo declarado.

A história se sustenta quase exclusivamente em fantasia e ação, sem espaço para romance ou grandes aprofundamentos emocionais. Essa escolha deixa a narrativa com um ritmo intenso, embora bastante concentrado em descrições repetidas de combate e preparação, o que pode impactar a experiência de leitura dependendo do perfil do leitor. Ainda assim, o livro é bem escrito, com um universo rico e detalhado, capaz de transportar facilmente para esse mundo de gelo, sangue e criaturas sobrenaturais.

Há também um forte componente de nostalgia na leitura. Garras e Aço remete a histórias de fantasia sombria que muitos leitores consumiram na adolescência — lobisomens, vampiros, guerras épicas e lideranças imponentes. Para alguns, esse retorno pode ser envolvente; para outros, pode não dialogar tanto com o tipo de narrativa buscada atualmente.

No fim, trata-se de uma obra voltada principalmente para quem aprecia fantasia sombria sem romance, com foco em ação, conflitos brutais e criaturas clássicas do gênero. Para fãs desse tipo de história, Garras e Aço: A Promessa da Lua Vermelha tem grandes chances de funcionar como uma leitura envolvente e visualmente marcante.

29 anos, jornalista e fundadora do Portal Estante da Josy

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