[Resenha] Fera - Brie Spangler
Embora digam que este livro é uma
releitura de “A Bela e a Fera” eu acredito que vai muito além. A referência com
o clássico fica apenas na aparência de um dos protagonistas. Dylan é alto e peludo
e, por conta disso, acaba sendo apelidado de Fera. E é isso, as semelhanças com
o clássico da Disney terminam aí.
Fera é um livro com uma história
original que debate temas LGBT, diferente de tudo que eu já li. É realmente
muito especial.
Nossa protagonista, Jamie, é uma
jovem trans que enfrenta grandes problemas por ser quem ela é, uma batalha,
infelizmente, muito comum para essa comunidade. Enfrentar essa batalha todos os
dias dói tanto que ela busca uma dor física que se sobreponha a dor emocional,
mas quando foi descoberta, foi enviada para terapia.
E é lá que ela conhece o Dylan,
que também possui sérios problemas em aceitar sua aparência. Sendo tão grande e
peludo – recebendo o apelido “Fera” justamente por conta disso -, enfrenta
diversas dificuldades no seu dia a dia, inclusivo o bullying. Esse último
problema costuma ser amenizado graças ao seu amigo JP, lindo e popular,
influenciando todo o colégio e conseguindo que todos tratem Dylan bem. Mas se
engana se você acha que JP é um bom amigo. Ele não faz nada sem que ganhe algo com
isso e o valor que será cobrado de Dylan será muito alto.
Tão parecidos em suas diferenças,
Dylan e Jamie se aproximam mais a cada dia. Com troca de mensagens ou encontros
fortuitos, eles vão se apegando um ao outro com muita intensidade. O único
problema é que Dylan não sabe que Jamie é trans e isso nem deveria importar,
ele mesmo sabe disso, mas todo o peso da sociedade recai novamente sobre eles.
Será que o amor deles será suficiente
para superar as adversidades e preconceitos?
Esta é a garota que vê beleza no bolor, que voa com ou sem o meu apoio debaixo dos pés. Que topa me encontrar em um jardim cheio de flores mortas. A garota que, eu espero, vai estar lá comigo quando elas florescerem na primavera. A garota que mudou a minha vida. Espero que ela me enlouqueça para sempre, tirando mais de um bilhão de fotos de mim e do resto do mundo. Esta é a garota.
Queria poder compartilhar mais
sobre a história com vocês, mas não
quero dar nenhum spoiler, afinal, quando a trama começa a se desenvolver, todos
os fatos são impressionantes e muito significativos para o enredo. Apesar do início
bem introdutório e lento, quando pega o ritmo fica difícil de parar de ler. Os
acontecimentos vão se amarrando e você já pode ir prevendo plot twists por vir.
Não que tenha grandes suspenses,
esse não é o foco. Inclusive, o foco fica muito claro durante a leitura e a
forma como a leitura toca cada um de uma forma diferente é prova de que o
direcionamento é certeiro.
A autora aborda e trabalha o tema
de um jeito que o deixa atual independente da época em que ele será lido. As
descobertas, os desafios, os preconceitos... tudo atual, tudo é um debate
necessário.
A trama ainda debate assuntos
como o luto, sexualidade, auto aceitação, conflitos familiares e, claro,
preconceito.
Eu ficaria feliz de ver esse
livro sendo indicado em colégios para serem lidos por jovens adolescentes. Leitura
necessária para entendimento, para reconhecimento e, mais do que isso, para se
encantar pelo belo romance adolescente presente na história.
Esse é um livro que alimentei o
desejo de ler por muito tempo e estou muito feliz de finalmente ter conhecido a
história e poder indicá-la para vocês.
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