[Resenha] O genocídio do negro brasileiro: Processo de um racismo mascarado - Abdias Nascimento
Autor: Abdias Nascimento; 232 páginas; Editora Perspectiva; Lançamento: 2016.
Antes de começar a discutir e
contar um pouco sobre o livro, eu tenho que falar sobre a necessidade da leitura
dessa obra magnífica, pois nos revela um passado sombrio de uma forma crítica e
aprofundada, quebra todas as máscaras que a sociedade ocidental implantou ao
longo dos anos e que permanece nos dias atuais.
O Genocídio do Negro Brasileiro é
um livro que retira a venda dos olhos de toda a população brasileira e nos
força a pensar sobre todas as atitudes de quem está no poder. Essa obra revela,
sem rodeios, todo o racismo praticado pela branquitude e de como ela romantiza
o processo de miscigenação.
Abdias critica e afirma sobre a
inexistência da tão espalhada “democracia racial” e a define como uma ficção
ideológica, visto que se espera que os negros sejam gratos aos brancos por
generosidades que lhes foram concedidas e que eles continuem com esse mesmo
pensamento, pois, desse modo os europeus serão endeusados e terão um status de
benfeitores na “libertação” dos africanos.
Além disso, o sofrimento da mulher negra é
incontestável, uma vez que, ao serem escravizadas pelos brancos, sofriam abuso
sexual. Diante disso, a mulher negra ao engravidar foi incumbida de começar um
novo processo no Brasil, o embranquecimento cultural, como foi nomeado pelo
autor. Não tem que haver eufemismo em falar que a miscigenação no Brasil nasceu
do estupro.
Assim, sofrendo diversas
injustiças, o negro se revolta com a população europeia. Dessa forma, o racismo
começou agir de forma velada.
“Nesta etapa, o racismo não se
atreve mais a aparecer sem disfarce. Ele está inseguro de si mesmo. Em número sempre
crescente de circunstâncias, o racista se esconde.”
O autor critica, também, o
cristianismo e o catolicismo que em qualquer uma de suas vertentes pregou a
aceitação da instituição escravocrata. Ademais, a igreja usava discursos que
Deus desejava e escolheu que os negros ficassem naquela situação, a qual era
semelhante com a de Cristo e, sendo assim, eles deveriam imita-Lo.
“Venderam o espírito africano na
pia do batismo católico... A honra da mulher negra foi negociada na
prostituição e no estupro. Nada é sagrado para população ocidental branca
cristã.”
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