[Resenha] Vale do Fim - Ricardo Reis
Coisas muito incomuns começam a acontecer em um pequeno
Vilarejo chamado “Vale do Fim’, após um trágico acidente de “autocarro” (van)
que matou várias pessoas e deixou outras tantas com sequelas. No entanto, as
sequelas não são comuns. Um deles morre e volta a vida pouco depois e todos
parecem ter desenvolvido uma velocidade paranormal. Esses acontecimentos mudam
completamente a rotina dos moradores de Vale do Fim.
Os afetados descobriram logo depois que haviam sido vítimas
de um projeto de dois irmãos ingleses que chegaram em Portugal afim de colocar
as experiências em prática. Esses irmãos possuíam ideias futuristas, mas muito
distintas. Enquanto um gostaria de salvar a humanidade, o outro gostaria de
dominar o mundo. A explosão dentro do veículo liberou um gás que estavam
estudando há bastante tempo que possui propriedades de mutações genéticas.
Projeto CM e Projeto MG, cada um projeto de um dos irmãos,
mas ambos trabalhando com a mesma ideia de mutações genéticas, e as primeiras
ideias surgiram do irmão mais velho de George e August, os ingleses cientistas.
Esse irmão mais velho tinha grandes ideias, mas não sabia controlar o poder
delas. O primeiro soro que ele inventou, que dá a capacidade de controle de
alguém, foi aplicado na própria filha o que permitiu que os irmãos mais novos
utilizassem a própria sobrinha para os experimentos.
De início, como as ideias são parecidas, é difícil discernir
qual é o irmão bom e qual é o irmão mau. Existe muitas traições e intrigas
envolta de todo esse projeto. Os infectados buscam a cura a todo preço e os
cientistas não medem esforços e testes para buscar mais respostas.
Com grandes poderes se têm grandes responsabilidades e dessa
forma, os afetados se unem para buscar não só a cura para eles, mas para toda a
população que começa a ser afetada por uma doença colateral desse projeto.
Muitas pessoas começam a morrer e a luta contra o tempo é grande. E o inimigo
que precisam enfrentar (o irmão mau) é ardiloso. E tem muito poder de
manipulação, inclusive de manipular o próprio governo desde o início.
Preciso dizer que me solidarizei demais com a história de
Alina, a sobrinha dos irmãos cientistas que teve sua vida inteiramente roubada
por causa dos experimentos que foram feitos com ela desde muito nova. A garota
nunca tem paz, ainda mais quando descobrem que ela pode ter alguma coisa em seu
DNA que promoverá a cura. Muitas hipóteses são levantadas, muitas pessoas
começam a ser estudadas e mais gente sendo gerada com o propósito de ser o
salvador. O que proporcionará a vacina correta com seu sangue.
“A maldade estava no medo, no medo do desconhecido, era mais
fácil aniquilá-lo do que conviver com ele”.
Apesar de ser uma distopia, foi impossível não ver algumas
semelhanças na história com o momento em que vivemos. Um controle absurdo do
governo, um vírus matando em massa, uma busca desesperada por uma vacina... É
quase como se o livro fosse uma releitura do momento que vivemos atualmente,
mesmo tendo sido escrito antes da pandemia. Eu não entendo de ciência, assunto
muito presente nessa história, mas acredito que muitas das coisas apresentadas
não são absurdas e poderia realmente acontecer.
Já imaginou se o mundo fosse dominado por mutantes? Eles
seriam do bem ou do mal? Isso dependeria de quem os comandasse, portanto... É
assustador.
Obviamente não tem como descrever tudo que acontece nesse
livro, existem muitos personagens que possuem espaços significativos ao contar
suas próprias histórias que estão interligadas com as histórias de outros
personagens. E toda essa junção me proporcionou uma história inédita, original
e instigante. Ainda me sinto convivendo com cada um dos personagens e me sinto
apreensiva com medo da trama se tornar real.
Meu medo de não ter um final feliz foi muito forte. Quando se aproximava do final e tudo continuava dando errado, pessoas boas morrendo, o vilão premeditando todos os movimentos, eu quase perdi as esperanças. Foi um misto de emoções muito forte! Meu desejo agora é que algum dia esse livro se torne um roteiro de cinema, eu com certeza iria assistir na estreia!
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