[Resenha] A resposta - Kathryn Stockett

“A resposta”; autora: Kathryn Stockett; editora: Bertrand
Brasil; 567 páginas.
Em 1962, no Mississipi, diversas mulheres negras trabalhavam
em casas de família branca em meio a segregação. Naquela época, era comum os maus
tratos a essas humildes trabalhadoras que muitas das vezes desempenhava mais
que funções de uma doméstica, atuavam também como mães das pequenas crianças de
seus empregadores.
O salário era extremamente baixo, as condições de trabalho
eram lastimáveis e o tratamento recebido pelas patroas era inaceitável. Negros
e brancos não podiam compartilhar objetos e muito menos o mesmo banheiro.
Boatos que negros transmitiam enfermidades tornavam esse convívio um tormento. Ser
constantemente acusada do que não fez, obrigada a desempenhar tarefas
impossíveis e trabalhar muito mais que um humano é capaz de suportar... Era apenas
um pouco da realidade dessas mulheres que, além do emprego, tinha que
desempenhar papel de mãe, esposa e dona de casa e suas próprias residências.
Por outro lado, nem todas as famílias brancas eram carrascas.
Há casos de patroas que dão auxilio aos filhos das empregadas, pagam faculdade,
ajudam com medicamento, escola... Algumas possuem compreensão o suficiente para
tratar a mulher que a ajuda com o devido respeito. Alguns laços entre a
empregada e os filhos da patroa são emocionantes. Cada história e cada conselho
moldaram a personalidade de cada criança e ali elas já começavam a fazer a diferença.
“Feiúra é uma coisa que existe dentro das pessoas. Feia é uma pessoa má, que faz mal aos outros. Você, por acaso, é uma dessas pessoas?”
No entanto, a vida costumava ser bem mais difícil para “pessoas
de cor”. Skeeter, uma mulher que teve um relacionamento lindo com a empregada
de sua mãe, se vê motivada a denunciar todos esses comportamentos inaceitáveis.
Ela, que se mudou para fazer faculdade, ao retornar não encontra aquela que lhe
deu tanto amor. A empregada de sua mãe havia ido embora e ao descobrir os
motivos, a instigou ainda mais a seguir seu plano de denúncia.
Skeeter decidiu conversar com as empregadas da região para tentar
colher depoimentos delas para a composição desse livro, obviamente, com medo de
perderem seus empregos, houve uma grande resistência, mas humilhações
frequentes motivaram um grupo de empregadas a se unir nesse projeto.
“Então você tá dizendo que não tem um limite separando as empregadas e as patroas, também?”
No começo era apenas Aibeelin e Minny, mas logo outras
empregadas sentiram-se motivadas a contarem suas histórias também. Logo o livro
tomou forma. E todas sabiam que aquele objeto não era apenas um livro, seria
uma bomba que explodiria assim que lançado. Mas se resultaria de algo bom ou algo
ruim, elas não faziam a menor ideia.
A história que traz um relato baseado em fatos reais nos
comove e nos emociona. Ao final do livro, a autora relata sua própria
experiência e que isso a motivou a escrever essa história, que foi seu romance
de estreia. Conforme ela conta o que viveu, podemos encontrar as semelhanças
com a história ficcional que ela conta. A autora pode ser vista como a “nenezinha”
quando ainda era criança e como a “Skeeter” quando adulta. O que nos mostra que
as atitudes podem mudar uma pessoa e é exatamente o que ela tenta nos passar.
E as empregadas, Aibeelin e Constantine, seria a empregada que
a autora tinha em sua casa, que fez uma diferença enorme em sua vida.
Uma história forte, intensa, com relatos comoventes e por
vezes divertidos. Uma verdadeira história sobre a história. Uma verdade lição
de empatia.
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