[Resenha] Como dizer adeus em robô
"Como dizer adeus em
robô" (Editora Galera Record; autora Natalie Standiford; 344 páginas)
conta a história de Beatrice Szabo, de 17 anos, Bea é uma garota simples, mas
que é considerada por sua mãe, após alguns episódios estranhos, uma menina insensível,
sem coração, feita de lata, como um robô. Bea começa a acreditar nisso, às
vezes até dá pequenos socos na barriga para confirmar a teoria, mas percebe,
com o decorrer do tempo, que a mãe estava enganada, ela é muito humana, sim,
tem sentimentos e até percebeu como é sensível ao amor e à dor.
Nessa transição, ela faz
um relato de como se sente: “Enxuguei as lágrimas na fronha. Eu podia ter sido
feita de metal algum dia, mas não sou mais. Como Pinóquio, me transformara numa
garota de verdade. Até agora, era uma droga. Mas não havia nada que eu pudesse
fazer a respeito.”
Ela tem sua vida
completamente transformada quando se muda de Ithaca para Baltimore. Passa a
frequentar um novo colégio e fazer novos amigos e dentre eles se destaca Jonah,
também conhecido como garoto fantasma por conta de sua aparência pálida quase
translúcida. Ele não tem amigos há anos, desde que perdeu sua mãe e seu irmão
gêmeo em um acidente, vaga pela escola sem falar com ninguém, agindo como um
verdadeiro fantasma. Mas essa atitude muda quando conhece Bea.
Os dois possuem
características semelhantes, ambos são atraídos pela solidão e insatisfeitos
com várias coisas na vida. Tudo isso os aproxima muito. Eles não são amigos,
isso é pouco para descrever o que são, mas também não são namorados, não há uma
relação física, mas é certo que existe muito amor envolvido. Jonah passa a ter
um comportamento mais alegre com a nova companhia até que revelações sobre
Matthew, irmão gêmeo de Jonah, vem à tona, e Bea não mede esforços para ajudar
seu grande amigo. Mas Jonah é uma incógnita e não se deixa ser ajudado
facilmente.
“Mesmo que saiba o que
vai acontecer, você nunca está preparado para a sensação que vai ter.”
Narrado em primeira
pessoa de uma forma leve que flui naturalmente, o romance descreve muito bem os
sentimentos e angústias vivenciados por Bea. Ela tem de lidar com muitos
problemas, como sua mãe, que passa repentinamente a ter um comportamento quase
insano. A alegria e conforto de ouvir diariamente o “The Night Light Show”, um
programa talk show de rádio que foi indicado por Jonah, ouvinte fiel. Este
programa incrível, que funciona como uma terapia em grupo, é capaz de divertir
e aproximar as pessoas. Alguns ouvintes se identificam utilizando de codinomes,
Jonah usa “Garoto Fantasma” e Bea “Garota robô”, nomes que, de certa forma, os
definem. E em algumas vezes o talk show instiga as pessoas a usarem sua
imaginação em viagens no “tapete voador”.
Este livro não é nada
parecido com os que estamos acostumados a ler. Além de sua capa e acabamento
impecáveis que dá vontade de ler só de olhar, seu conteúdo é ainda melhor. É
envolvente de uma forma que surpreende. Quando menos se espera, você já está
vivenciando essa trama. É um livro, sem dúvidas, inesquecível.
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