Ana Maria Gonçalves na ABL: Representatividade, literatura histórica e emoção
No dia 10 de julho de 2025, Ana Maria Gonçalves foi eleita para a Cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), com impressionantes 30 de 31 votos, tornando-se a primeira mulher negra a integrar a academia em seus 128 anos de existência.
Sua eleição representa um marco simbólico e histórico, evidenciando tanto a força de sua obra quanto a urgência de uma ABL mais plural e inclusiva.Fonte: Brasil de Fato
Em publicação no Instagram oficial da ABL, feita em colaboração com a autora, Ana Maria declarou:
“Entrar para a ABL é um acalanto na menininha leitora que eu fui e que ouviu que, na biblioteca pública do interior de Minas Gerais, já não havia mais livros para ela ler.”
Essa frase, carregada de emoção, reflete a jornada de muitas leitoras invisibilizadas pela escassez de representatividade nas estantes. Representa também a vitória de uma voz que precisou buscar espaço onde havia silêncio.
Sobre sua obra: Um defeito de cor
Publicado em 2006, Um defeito de cor é um romance histórico monumental que mescla rigorosa pesquisa com narrativa envolvente, retratando a vida de Kehinde, inspirada em Luísa Mahin, figura central da resistência negra no século XIX. A obra:
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Se consagrou com o Prêmio Casa de las Américas em 2007
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Inspirou o enredo da Portela no Carnaval de 2024
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Já vendeu cerca de 180 mil exemplares e segue em várias edições
Trajetória e reconhecimento
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Natural de Ibiá (MG), migrou para São Paulo e depois para Itaparica (BA) onde escreveu sua primeira obra, Ao lado e à margem… (2002), independente e auto-publicada
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Foi escritora residente em universidades norte-americanas como Tulane, Stanford e Middlebury (2007–2009)
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Recebeu a Ordem de Rio Branco em 2013; em 2025 foi agraciada com a Medalha Tiradentes pela Alerj
Repercussão na ABL e sociedade
A eleição gerou forte impacto em nomes do meio cultural:
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Gilberto Gil afirmou que sua chegada representa a pluralidade que o país demanda
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Lilia Schwarcz, acadêmica, destacou o avanço simbólico rumo a uma instituição democrática
Para a nova imortal, a cadeira representa também uma obrigação histórica — não apenas uma conquista pessoal, mas um chamado para incluir novas narrativas no cânone da literatura nacional.
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