[Resenha] A arte de cancelar a si mesmo - Jacqueline Vargas
"A Arte de Cancelar a Si Mesmo"; Jacqueline Vargas; edição da autora; 243 páginas.
"A Arte de Cancelar a Si Mesmo", de Jacqueline Vargas, é um mergulho profundo e perturbador na vida de Majô, uma jovem que se torna influenciadora digital de forma precoce após um vídeo viral com animais. O livro explora a transição de Majô de uma diversão infantil para uma obrigação pesada, revelando os abusos e a pressão impostos por sua mãe controladora e pelas expectativas dos seguidores.
A história aborda temas muito atuais e dolorosos, frequentemente vistos na vida real, onde famílias transformam seus filhos em produtos para gerar renda. Vargas oferece uma visão crítica sobre essa dinâmica, expondo o lado obscuro das câmeras e as consequências psicológicas para a jovem.
A fuga de Majô para a casa de Kauane, uma vizinha com quem nunca havia conversado, proporciona um alívio e uma sensação de segurança que ela não encontrava em casa. A relação que se desenvolve entre elas revela o contraste entre a imagem pública e a realidade privada. Kauane, inicialmente admiradora da imagem pública de Majô, descobre as dificuldades reais que a jovem enfrenta e como isso reflete uma vida longe da perfeição que aparentava.
Uma citação que me marcou especialmente foi: "- Está vendo por que eu não queria chave em quarto de filho? Agora a gente não pode entrar. Você e essa conversinha de privacidade. Que palhaçada! Depois que tiver 18 anos e se sustentar sozinha, aí sim pode ter privacidade! Majô! Abre essa porta! Agora!" Esta passagem reflete a invasão constante de privacidade e a falta de respeito que Majô sofre, revelando a profundidade do controle e da manipulação em sua vida.
Pessoalmente, senti uma forte empatia pela Majô, pois já passei por situações semelhantes com pais conservadores e um pouco controladores. Embora tenha considerado compartilhar meu relato pessoal ou fazer uma resenha em vídeo, decidi manter a análise em formato de texto para focar no livro e em suas mensagens poderosas.
O livro oferece reflexões profundas sobre a vida e a privacidade, como evidenciado pela citação: "Majô não se preocupava com o tempo. Retroceder em imagens é como visitar antigas moradias. Depois que nos mudamos, a lembrança torna-se cada vez mais opaca. No entanto, se colocamos o pé na sala da velha casa, uma única vez, pode ser que lembremos onde guardávamos nossa escova de dente."
Outra citação relevante é: "- Também gostava desse livro... Também fui árvore... Mas se você dá tudo o que você tem pros outros... Não sobra nada pra você."
"A Arte de Cancelar a Si Mesmo" é uma obra que não apenas entretém, mas também provoca reflexões essenciais sobre a vida familiar, a privacidade e as consequências da exposição pública precoce. É uma leitura recomendada para quem deseja entender mais sobre esses temas e refletir sobre as realidades que muitas vezes ficam ocultas atrás das telas.
Deixe seu comentário