[Resenha] Pequena coreografia do adeus – Aline Bei


Ano de publicação: 2021

Editora: Companhia das Letras

Número de páginas: 282

Olá leitores, como estão? Hoje gostaria de compartilhar com vocês a resenha de um livro muito especial para mim. Aline Bei é uma de minhas autoras favoritas e este foi meu segundo livro dela. Exatamente como aconteceu com “O peso do pássaro morto”, este livro me prendeu do início ao fim e me trouxe um misto de sensações ímpares enquanto realizava a leitura.

Em “A pequena coreografia do adeus”, conhecemos Júlia, uma menina que enfrenta desde muito pequena muitos conflitos entre seus pais, que são divorciados. A mãe se recusa a aceitar que tenha sido abandonada pelo marido, e ele prefere esquecer que um dia foi casado. Com isso, Júlia se encontra perdida em todo esse conflito.

Durante a leitura podemos acompanhar a menina desde a sua infância até a fase adulta com uma narrativa em prosa composta por versos. A escrita da autora é tão poética e sensível que é impossível não construir uma conexão com sua protagonista.

Quem já leu o primeiro livro de Aline, já é conhecedor de seu estilo de escrita e da sensibilidade que ela possui em conduzir muito bem seus personagens tanto quando são crianças como já na fase adulta.

É um livro que aborda conflitos familiares, violência e abandono e isso nos toca muito durante a leitura, principalmente quando são narrados por uma criança.

Podemos acompanhar um relato impactante e como as experiências que vivemos ajudam a formar quem somos, mas nossas dores não devem são parâmetros para quem podemos ser. Júlia tem sonhos, como toda criança e conforme vai crescendo, tenta entender qual caminho pretende seguir e com isso, podemos acompanhar uma mulher forte que foi igualmente marcada pela dor e pelo amor, que um dia, quando pequena, tudo o que desejava era atenção e amor. Seu desespero por estes sentimentos, salta das páginas e nos tocam de uma maneira muito forte. Júlia cria sua própria coreografia repleta de vivencias únicas, como acontece com todos nós, e apesar de tudo que enfrenta ela não desiste de acreditar.

A poesia de Aline é tocante, marcante, mas principalmente bela e dolorosa na mesma medida. Esse é daqueles tipos de livros que lemos em uma só vez, com breves espaços de tempo para recuperar o fôlego e encher o coração de esperança sobre o futuro de Júlia a quem passamos a amar e desejar abraçá-la em sua pequena coreografia do adeus.

Angélica Silva, 31 anos, jornalista e resenhista do Portal Estante da Josy. Apaixonada por livros, músicas, séries e filmes. Não necessariamente nesta ordem.

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