[Resenha] Cem anos de solidão – Gabriel García Márquez
Editora: Record
Número de páginas: 432
Olá leitores, como estão? A
resenha de hoje é sobre um livro que li agora no início de 2022, e com toda a
certeza já está entre os favoritos que li na vida. Cem anos de solidão é um
clássico, que pensei inúmeras vezes se iria fazer a resenha, pois como todo
livro do gênero, traz uma grande responsabilidade, mas esse livro é perfeito
demais e vale a tentativa.
A narrativa é sobre a família Buendía e suas sete gerações. Logo no início é possível acompanhar a fundação da fictícia Macondo por José Arcadio Buendía e sua mulher Úrsula Iguarán. A união dos primos é cercada de maus presságios, afinal a crença é que o casamento nesses casos pode gerar filhos com rabos de porco.
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo” Pág, 9
Um
dos desafios que o leitor pode encontrar é em relação ao nome dos personagens
masculinos. Pois vários tem os mesmos nomes “Josés” e “Aurelianos”, essa edição
que eu realizei a leitura tem uma árvore genealógica para entender um pouco
mais sobre essas tantas gerações apresentadas pelo autor.
A
narração acontece em terceira pessoa e aos poucos vamos conhecendo seus
personagens no seu íntimo, a descrição sobre suas histórias e personalidades é
sem dúvidas o que nos faz criar simpatia e antipatia por eles, pois é tudo
real, seus defeitos, qualidade, tudo é forte e impactante.
Macondo em si merece uma menção especial, afinal no lugar tudo pode acontecer. Repleto de misticismo, tudo parece possível. Pode-se chover por mais de quatro anos, se viver por mais de cem anos, fantasmas conviverem com pessoas junto a memórias que podem atormentar os moradores. Guerras acontecem aos montes e cada uma delas acompanha uma história peculiar, tudo parece ser extremamente exagerado na localidade.
“O coronel Aureliano Buendía promoveu trinta e duas rebeliões armadas e perdeu todas” Pág. 114.
As
personagens femininas são outro ponto forte da escrita do autor. Elas são
fortes, muitas vezes são as forças dentro de suas casas, sustentando a família.
São mulheres com conceitos modernos para a época, visto que o livro foi escrito
em 1967. E quando acontece fatos que poderiam ser considerados machistas, a
abordagem é uma crítica bem construída feita por Gabriel.
Existem
muitas críticas sociais, políticas misturadas com sua narrativa que é poderosa
em vários sentidos. Cem anos de solidão é um prato cheio para quem gosta de
clássicos, e do desafio que geralmente são essas leituras.
A
escrita de Gabriel me prendeu logo nos primeiros capítulos, seus personagens
são inesquecíveis. É um livro que aborda muito sobre o tempo e tudo está ligado
a ele de alguma maneira e como lidamos com a solidão que é outra característica
que assola os personagens e a maneira como cada um a enfrenta.
A
população de Macondo tem características peculiares e únicas, e podemos
acompanhar as mudanças que acontecem no local com o passar dos anos desde sua
fundação.
Cem
anos de solidão é uma narrativa latino-americana sobre um povo que por muitas
vezes foi marginalizado, esquecido, sofrido. É uma escrita forte, com
personagens incríveis e mesmo que a narrativa apresente um realismo mágico,
tudo é dolorosamente real em muitos aspectos.
Um
dos melhores livros que li na vida, acredito que seja uma experiência que todo
leitor deveria fazer, pois ela é muito marcante e apesar de ser um clássico,
não é complexo de ser entendido, apenas precisa ter atenção aos nomes dos
personagens para compreender melhor seus acontecimentos que são muitos e tornam
a leitura mais rápida e agradável.
Como
disse no início, escrever sobre clássicos nunca é fácil, e a intenção aqui não
é dar spoilers sobre a obra, apenas explanar a minha opinião como leitora sobre
o livro de maneira simples e clara.
Deixo vocês com alguns dos meus trechos favoritos da obra que é primorosa, poética e perfeita. Cinco estrelas e favorito da vida. Até a próxima!
“Naquela noite interminável, enquanto o coronel Gerineldo Márquez evocara suas tardes mortas no quarto de costura de Amaranta, o coronel Aureliano Buendía raspou durante muitas horas, tratando de rompê-la, a dura casca de sua solidão. Seus únicos instantes felizes, desde a tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde o tempo se esvaía enquanto ele armava peixinhos de ouro. Tinha precisado promover 32 guerras, e havia precisado violar todos os seus pactos com a morte e se revirar feito porco na pocilga de glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade”. Pág. 180
“Naquela Macondo esquecida até pelos pássaros, onde a poeira e o calor tinham se tornado tão tenazes que respirar dava muito trabalho, reclusos pela solidão e pelo amor e pela solidão do amor numa casa onde era quase impossível dormir por causa do estrondo das formigas ruivas, Aureliano e Amaranta Úrsula eram os únicos seres felizes, e os mais felizes sobre a terra.” Pág. 414
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