[Resenha] O fim de todos nós - Megan Crewe

"O fim de todos nós"; autora: Megan Crewe"; editora: Intrínseca; 267 páginas. 

Esse livro previu a pandemia! Escrito em 2013, “O fim de todos nós” conta a história de uma epidemia que transformou a vida da população de uma ilha. Nossa protagonista Kaelyn narra a história através de um diário que ela escreve direcionado ao seu amigo Leo, que era um antigo habitante da ilha, mas se afastaram após uma briga e sua mudança.

Tudo começa com o pai de uma das amigas de Kaelyn, ele é o primeiro a contrair o vírus e vai a óbito após chegar ao pior estágio da doença. Essa doença, ainda desconhecida, possui os primeiros sintomas parecidos com o da gripe: tosses e espirros, também acompanhados de coceira. O próximo estágio é desinibição social, onde o contaminado acaba falando tudo que passa pela cabeça, sem filtros. E o último são as alucinações. Então a morte.

Depois do primeiro caso, o vírus de espalha rapidamente. O pai de Kaelyn é um médico cientista que está na linha de frente no combate ao vírus e por isso começa a passar a maior parte do seu tempo no hospital. Em sua casa, Kaelyn, o irmão e a mãe começam a tomar as primeiras medidas de precaução como máscara cirúrgica ao sair de casa e maiores cuidados com a higienização.

O governo instaura uma quarentena e se compromete a ajudar disponibilizando alimentos e medicamentos. Apenas os comércios essenciais poderiam funcionar e a fronteira foi fechada. No entanto, muitos se rebelaram contra as medidas protetivas, alegando que essa ação estava tirando a liberdade e o futuro das crianças. Esses protestantes mais fervorosos foram mortos pelas autoridades, Incluindo o tio de Kaelyn.

O tio de Kaelyn tinha uma filha, Meredith, uma garotinha que tinha muito apego por Kaelyn. Diante da situação, nossa protagonista assume a responsabilidade de cuidar e proteger a prima que tanto ama. Mas diante desse inimigo invisível, não vai ser uma tarefa nada fácil.

Logo o tratamento de água é cortado e o sistema de energia, ao ficar sem manutenção, deixa de funcionar. Os hospitais estão com todos os leitos lotados e pessoas morrem o tempo todo. Com essa “guerra” acontecendo, logo Kaelyn encontra aliados. Pessoas que também estão buscando se livrar dessa situação ajudando os que precisam. Mas quanto mais ela luta para encontrar a cura, mais pessoas vão morrendo ao seu redor e o maior medo dela é perder todos aqueles que ama.

As semelhanças com o momento que estamos passando são impressionantes. Desde o começo da história eu fiquei espantada com cada trecho que se igualava com coisas que vivemos nesse período de pandemia. Na história se concentra em apenas uma epidemia, enquanto o que vivemos ultrapassou para uma pandemia. No entanto, na ilha onde a história se passa, poucos habitantes sobreviveram e a luta pela vacina perdurou por muito mais tempo do que tinham.

Claro que possui algumas diferenças escabrosas, principalmente em relação as medidas de proteção. Mas apesar de se parecer absurdamente com a COVID, até mesmo por ser um vírus variante de outros vírus (pequeno spoiler necessário), ainda assim não é necessariamente a COVID, então é claro que vão existir algumas diferenças. Mas ainda assim, as coisas em comum são a maioria. E isso foi bem assustador.

A história é na verdade uma trilogia e “O fim de todos nós” é apenas o primeiro livro. Os outros dois livros “The lives we lost” e “the worlds we make” não foram traduzidos para o Brasil, mas se depender de mim, vou implorar para a editora até ela considerar a ideia. Gostaria, até mesmo, de discutir ainda mais com vocês as ideias e as semelhanças. Até mesmo o enredo da história. Talvez eu considere uma live ou podcast com outras pessoas que já leram, então leiam também, eu recomendo muito!

Durante a leitura eu fui compartilhando no meu instagram vários trechos que eu me impressionava com as semelhanças, é realmente surreal o quanto a autora acertou muito nos acontecimentos da crise que vivemos hoje. É como se ela tivesse usado uma máquina do tempo e vindo para 2020 e 2021, visto tudo que estamos passando e voltado para 2013 e escrito o livro. Sério, ainda estou impactada. E vou compartilhar com vocês agora alguns trechos que compartilhei nos stories durante minha leitura.

“Acho que precisamos nos concentrar em manter as pessoas informadas sem criar pânico”, disse ela. “Normalmente, as emergências de verdade são causadas mais pelas pessoas que têm medo de ficar doentes do que por aquelas que realmente estão”.”

“Porque, hmm, não é seguro sair, a não ser que você precise mesmo, sabe. Você pode acabar esbarrando em alguém que esteja doente”. Percebi que não estava dando o melhor dos exemplos, então toquei minha máscara e acrescentei: “Mesmo usando isso, estou voltando para casa agora.”

“Todas as escolas permanecerão fechadas. Espera-se que, se possível, continuemos estudando em casa, pelos livros. O ano vai recomeçar de onde parou – as aulas podem se prolongar até o começo das férias de verão. Todo o comércio considerado não essencial deve ficar fechado, preferencialmente. Mamãe concordou em renunciar ao seu trabalho na lanchonete até a epidemia acabar.”

“A maioria das pessoas pensa que o mais assustador é saber que vai morrer. Não é. É saber que você pode ter que assistir a todo mundo que você já amou – ou mesmo apenas gostou – definhar e não poder fazer nada.

Isso tem que acabar em algum momento, fico repetindo para mim mesma. E é verdade. Daqui a pouco não vai sobrar mais ninguém.

E aí não vai fazer diferença se eu sobrevivi ou não, porque qualquer pessoa que pudesse se importar com isso estará morta”.

“Estamos em um penhasco, todos nós, e a sobrevivência não é uma questão de ser melhor ou mais inteligente. É uma questão de resistir o máximo possível, de tentar, falhar e tentar novamente até se aproximar um pouquinho mais de uma solução.”

Assista também a resenha em vídeo, tem algumas informações adicionais!




27 anos, jornalista e fundadora do Portal Estante da Josy

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