[Resenha] Fortaleza impossível - Jason Rekulak
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Resenha:
Fortaleza Impossível
Autor: Jason
Rekulak
Editora:
Arqueiro
Número de páginas: 269
1987,
Wetbridge, Nova Jersey, é aqui onde encontramos Billy Marvin, um garoto de 14
anos apaixonado por design e programação de jogos. Com a mãe trabalhando durante
a noite, ele e os amigos Alf e Clark tem muito mais tempo sem a supervisão de
um adulto do que a grande maioria de seus colegas do nono ano. Como o próprio
livro menciona, Billy é definitivamente um nerd feliz.
Tendo a
casa livre, eles podiam comer todo o tipo de besteiras, jogar os games de
computador que Billy cria, Monopoly e Banco Imobiliário, assistir Kramer VS.
Kramer (não pelos motivos que a maioria assiste) e claro o programa “Roda da
Fortuna”, apresentado pela queridinha da América, Vanna White. A rotina do três
é abalada quando descobrem que Vanna ilustra a nova edição revista Playboy.
Conseguir o exemplar se torna o grande objetivo dos garotos, o que não seria
tão fácil, já que nenhum deles tem idade suficiente para comprá-la.
Os três
criam então a “operação Vanna”, várias tentativas se mostram inúteis até que um
dos planos leva Billy a conhecer a enigmática e também apaixonada por programação,
Mary Zelinsky, filha de Sal Zelinsky, dono da única loja da cidade que vende a
revista. Entre disquetes, um Commodore 64 e o desejo incansável de transformar
“Fortaleza Impossível” - sua mais recente criação - em um jogo incrível e capaz
de vencer um prêmio, Billy descobre uma amizade, que de forma inesperada,
começa a crescer e se tornar algo mais.
A história
é cheia de referências à essa década que deixou saudade em quem a aproveitou e
vontade de ter um De Lorean para poder conhecê-la em chegou por aqui um tempinho
depois. Confesso que quando li a sinopse e iniciei a leitura pensei que seria
uma experiência leve e cheia de risadas, mas o autor colocou assuntos complexos
e, de certa forma, tabus para a época que me deixaram surpresa. Não vou mencioná-los
aqui porque seria um super spoiler!
Você pode
até achar que consegue prever as ações dos personagens, mas a verdade é que,
pelo menos nessa parte, o autor fugiu um pouco dos clichês das produções dos
anos 80 e criou personagens que nos deixam em dúvida em vários momentos,
principalmente Mary.
Os capítulos
são curtos e no inicio de cada um há um código de programação de comutador que,
de forma sutil, dá uma dica ou outra sobre o que leremos a seguir. Da metade para
o fim o livro corre um pouco e senti falta de alguns tópicos serem discutidos
com maior clareza, mas isso não prejudicou a conclusão da história e nem a
minha experiência de leitura.
Li algumas
críticas sobre o livro e várias delas falam sobre o conteúdo preconceituoso e
ofensivo da historia e é fato que em vários momentos, principalmente Alf e
Clark despejam no leitor vários comentários machistas, gordofóbicos entre
outras coisas. Muitos não concordam com essa abordagem do autor afirmando que
ela é desnecessária ao enredo e poderia ficar de fora da história, já outros
dizem que não se incomodaram.
Discordo
de ambas. É preciso lembrar que não estamos em 2018, mas sim em 1987 , ano em
que questões como preconceito não eram vistas como um problema, que dirá serem
discutidos e revistos por meninos de 14 anos. O autor poderia ter deixado de
colocar essas características nos personagens? Poderia, afinal as “piadas” são
realmente pesadas e causam desconforto, mas eu prefiro pensar que ele tomou
essa atitude propositalmente para incomodar o leitor e mostrar ao máximo possível
a realidade de quem viveu durante esse período que também teve o seu lado ruim.
Fortaleza Impossível fala sobre amizade,
inicio da adolescência, aventuras, primeiros amores e decepções em uma época na
qual ainda existiam locadoras de vídeo, fitas cassetes e os celulares não
passavam de um sonho distante. Uma história quase autobiográfica de Jason
Rekulak que te faz rir, torcer pelos personagens e te prende até o ultimo
capítulo. Poderia facilmente ter uma continuação.
“Bem, não dá para ser um garoto de 14
anos sem se machucar algumas vezes. Eu já tinha levado porrada em vestiários e
rasteiras nos corredores da escola; já tinha sido jogado da minha bicicleta,
ralado o joelho, torcido o tornozelo e sangrado pelo nariz, mas nada tinha me
preparado para aquilo. Foi muito pior do que todas essa coisas juntas. Era o
tipo de dor que não parava, só ficava pior e pior.” Pág. 150
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