[Resenha] Filho da mãe - João Filipe da Mata
A narrativa segue o protagonista, um homem que passou grande parte de sua vida viajando pelo mundo, principalmente pela Ásia, em busca de algo que ele mesmo não consegue definir. Sua trajetória é marcada pela falta de raízes e por uma solidão latente que permeia cada página. Depois de muitos anos longe, ele decide retornar à sua terra natal para reencontrar a mulher que mais o acolheu durante sua infância: sua cuidadora.
Essa busca o leva a depender da ajuda do filho da cuidadora, uma figura enigmática cuja lealdade e intenções são incertas. A narrativa se desenrola em um formato de fluxo de pensamento, o que confere ao livro uma textura única. Os pensamentos fragmentados do protagonista se misturam com falas, memórias e até sons ambientes, criando uma experiência imersiva que reflete a complexidade de sua mente e emoções.
A capa do livro é uma obra de arte em si, concebida para capturar a essência da solidão gay. Sua imagem evoca um sentimento de isolamento e introspecção, complementando perfeitamente a história contada nas páginas.
O autor, cuja vida real inspirou muitas das vivências do protagonista, traz uma perspectiva íntima e genuína para a narrativa. Suas próprias experiências como um homem homossexual viajando pelo mundo conferem uma profundidade e veracidade que ressoam com o leitor, tornando este livro não apenas um relato de uma jornada física, mas também uma exploração profunda de identidade, pertencimento e a eterna busca por conexão humana.
Em "Filho da mãe", o autor consegue capturar a essência da solidão e da saudade de um homem em busca de suas raízes e de um sentido para sua existência. É uma leitura envolvente e profundamente tocante.
Deixe seu comentário