[Série] #31 Quarta temporada de Black Mirror

                “Isto é muito Black Mirror”, é uma afirmação que certamente você já deve ter ouvido por aí, quando alguém vê ou lê algo absurdo que mostra como estamos dependentes da tecnologia.
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                A série criada por Charlie Brooker que aborda justamente esse tema, e ficou muito conhecida por suas críticas pontuais, voltou para sua quarta temporada no dia 29 de dezembro ainda em 2017, e desta vez o autor nos proporcionou mais seis histórias que posso garantir (pois já fiz maratona no mesmo dia) estão muito boas.
                Vou compartilhar com vocês minha opinião sobre os episódios de maneira isolada e sem spoilers, pois como quem acompanha a produção já sabe, não existe ordem e nem continuação entre as histórias.

                U.S.S Callister

                Com referências de Jornada nas Estrelas, este é o episódio mais longo da temporada. O que parece ser um mundo dentro de uma nave espacial, na verdade é sobre um jogo criado por um nerd que não tem muito contato social com as pessoas do mundo real, então baseado em uma série de TV que ele ama, cria este “mundo” onde ele deixa “aprisionados” seus colegas de trabalho que na verdade, ele odeia.
                A crítica clara é nessa possível sociedade futurista (não tão distante assim) os autores colocam em cheque problemas como vícios, abuso de poder e utopia, onde os problemas reais são resolvidos com o auxílio da tecnologia de maneira irresponsável. Um tema sério e importante abordado de uma maneira divertida, bem elaborada, e com figurino e cenário que vão encher os olhos de quem ama Star Trek.

                Arkangel

                O segundo episódio aborda as interferências da tecnologia nas relações humanas. Nele uma mãe solteira resolve após quase perder sua filha em uma situação no parque, colocar um chip nela. As funções desse aparelho vão muito além de monitorar onde sua filha está ela consegue ver com os próprios olhos da menina tudo em tempo real. Isso começa a criar problemas na relação das duas, quando a menina percebe que a mãe usa disso para interferir em sua vida, sem mencionar a invasão de privacidade e autonomia que isso pode causar.
                É uma história cheia de reflexões sobre o que as pessoas seriam capazes se dispusessem de tamanho avanço tecnológico. E faz pensar em como o ser humano pode ser doentio para conseguir ter controle sobre a vida do outro.

                Crocodilo

                Tudo começa com um acidente de carro que acontece com um casal de jovens que acidentalmente acaba vitimando um desconhecido. Até ai ok, se estivemos no “nosso mundo” as autoridades iriam investigar e procurar os culpados, mas não em Black Mirror. Um sistema novo de investigação possibilita invadir as memórias das pessoas, e se não conseguir, uma agulha no cérebro consegue sem muitas dificuldades coletar as informações necessárias. Esse “crime” inicial apenas desencadeia outros acontecimentos importantes na série, onde é possível observar do que somos capazes de fazer para esconder nossos segredos.
                É um episódio que lembra em alguns momentos outras temáticas abordadas pela produção, mas que é salvo pelo enredo bem elaborado e pela linda trilha sonora.

                Hang the DJ

                Confesso que é um dos meus favoritos dessa temporada. A história da vez é sobre como as pessoas estão trocando cada vez mais encontros reais, ao acaso, para encontrar um grande amor, por tecnologias que ajudam nesta famigerada tarefa.
                Deixe- me explicar como funciona essa tecnologia. Cada pessoa tem um aparelho cujo sistema se encarrega de encontrar sua alma gêmea. O aparelho vai coletando informações e características, e com isso possibilita vários encontros. Detalhe: com o dispositivo é possível saber a validade dos relacionamentos.
                O casal em questão nesse episódio acaba gostando um do outro, só que no primeiro encontro eles têm apenas algumas horas. É então que surge o questionamento, de que seria possível continuar a relação, mesmo o aplicativo dizendo que não se trata de um caso de alma gêmea? É uma crítica pesada sobre a maneira como estamos interagindo e utilizando cada vez mais o mundo tecnológico e digital do que o real e com contatos físicos. 

                Metalhead

                Pelo que andei lendo sobre a opinião das pessoas sobre essa temporada, foi o episódio que menos agradou. Todo em branco e preto e com poucos diálogos, tem mais ação do que estão acostumados os fãs da série. Com uma perseguição essa história consegue por seus efeitos muito bem pensados, ser perturbadora e pertinente.
                Digamos que se trata de uma abordagem sobre um vilão e a mocinha, mas de uma maneira bem Black Mirror, onde a moça em questão é perseguida por um tipo de robô que lembra um cachorro. Onde o cenário e os uso de efeitos só deixam a produção ainda mais interessante.



                Black Museum

                Outro favorito dessa temporada, e o segundo episódio mais longo. Uma história daquelas que quando chega ao final surpreende. Tudo começa com um museu que é repleto com novidades tecnológicas que possibilitaram crimes cruéis. Aonde uma espécie de criador e curador do local, conduz uma jovem a cada um desses objetos e lhe conta suas histórias.
                Entre essas histórias está uma em que é possível carregar a consciência de quem já morreu dentro da nossa. Isso acaba tendo grande desfecho no final, mas claro que não vou contar, para não estragar a surpresa de quem ainda não viu.
                É outro tapa na cara da nossa sociedade que muitas vezes é sem escrúpulos e extremamente cruel. É o desfecho ideal para essa temporada, onde podemos imaginar até onde uma pessoa pode ir para alcançar aquilo que quer? Seja fama, dinheiro, ambição?

                Bem espero que tenham gostado desse resumo, meio grande admito, sobre essa ótima temporada de Black Mirror! Até a próxima!

27 anos, jornalista e fundadora do Portal Estante da Josy

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