[Resenha] Laranja mecânica - Anthony Burgess
Olá
leitores! Tudo certo com vocês? Hoje gostaria de dividir com vocês uma leitura
bem polêmica, porém sensacional.
Laranja
mecânica tem algumas versões em livros, a que eu tenho, é a edição especial de
50 anos, pela editora Aleph. O autor desse livro é Anthony Burgess, mas nessa
edição especial ele conta com ilustrações de Dave Mackean, Oscar Grillo e
Angeli.
Eu
sempre amei a história de “Laranja mecânica”, só que neste caso eu vi primeiro
o filme para depois ler o livro. E de cara já me deparei com essa edição que é
um primor para quem ama o contexto e a obra. Além das ilustrações citadas
acima, o livro ainda tem: Trechos do livro restaurados pelo editor inglês, notas
culturais do editor, artigos e ensaios
escritos pelo autor, inéditos em língua portuguesa, uma entrevista inédita com Anthony Burgess e reprodução
de seis páginas do manuscrito original, com anotações e ilustrações do autor.
O livro foi proibido no
Brasil e em vários países.
Foi liberada pela censura por aqui, em 1978. A
história é contada em primeira pessoa, pela adolescente problemático Alex, 15
anos, que lidera uma gangue de delinquentes que depois da escola, sempre se
reúnem para cometer crimes como roubo, agressões físicas e estupros, apenas por
diversão e perversão.
Em uma noite após um desses
crimes, Alex é traído por seus amigos que já estão cheios de aguentar suas
ordens e maus tratos. Tosko, Pete e Georgie abandonam o jovem e ele acaba
preso.
E ai que começa o lado
“maluco”, polêmico e perturbador da história. Alex é submetido a um tratamento
em fase de experimentação pelo governo, que promete acabar com o sentimento de
maldade das pessoas em até duas semanas. O nome desse tratamento é “Técnica
Ludovico”.
Cena descrita ao lado. (Plano Crítico) |
Essa terapia constitui- se
em submeter o individuo em sessões diárias de filmes de conteúdo de extrema
violência, além de ser injetada uma substância que garante sensações de mal
estar e muito enjoo. Com isso a intenção do governo é associar atos de
violência a sensações ruins, para o individuo pensar duas vezes antes de fazer
tal atitude.
O leitor tem a sensação de
estar em uma sociedade futurista, aonde a violência chegou a pontos extremos e
o governo para isso é totalmente totalitário. O autor criou um vocabulário
próprio para essa obra. Algumas palavras são inclusas no dialeto dos personagens
o que dá um teor muito particular a obra. A língua é chamada de nadsat que mistura
o inglês ao russo. Porém isso não dificulta a leitura, afinal nesta edição o
leitor encontra no final do livro as palavras traduzidas, e quando percebe já
está entendendo perfeitamente o nadsat.
A grande critica que muitos
fazem a história e é ai que mora uma das grandes polêmicas do livro, é sobre o
modo que o governo tem de “modificar a conduta de seus presos”, ou seja, eles
perdem o livre arbítrio por suas atitudes e ficam condicionados a ser como o
governo quer. A critica se dá pelo modo como os adolescentes são tratados e o
quanto essa técnica interfere em sua vida a partir dessa experiência.
Após as sessões desse
tratamento o jovem é praticamente jogado de volta as ruas e percebe que não consegue
mais cometer atos de violência sem sentir-se muito mal. Ou seja, todas as suas
antigas vitimas se vingam dele e ele não consegue reagir. O final do livro é
bem interessante e mostra ao leitor outras vertentes dessa história.
Tanto lendo a obra ou vendo
o filme eu não consegui sentir ódio do personagem principal. Alex é um jovem
vitima do sistema e ao invés de ser ajudado é cruelmente modificado por
interesses de um governo.
A história em si do livro é muito boa e é uma
leitura ótima para quem gosta dos clássicos. O livro permite ao leitor embarcar
em uma realidade totalmente diferente, das que estamos acostumados nos livros
comuns. Seu enredo é único e você dificilmente encontrará algo parecido.
Laranja mecânica é uma daquelas leituras que ficam na cabeça do leitor por
semanas, meses e que o fazem certamente procurar o filme logo em seguida.
Por hoje é isso pessoal! Até
a próxima meus “molodois”! (em nadsat significa jovens!)
Deixe seu comentário